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Entre quilates para as pedras e "kilates" para o ouro, qual, ou quais, são as formas correctas de designar esta unidade de peso? Fica aqui um contributo para a compreensão do tema.
O quilate é empregue desde há muito como unidade padrão para o peso das pedras. Antigamente, não havia balanças de precisão nem sistema de medidas universal, pelo que os pesos eram estimados e comunicados por comparação com padrões locais. As sementes foram dos padrões mais utilizados para este fim.
Com o comércio de pedrarias na costa mediterrânea, foi-se utilizando as sementes de uma árvore local, a alfarrobeira Ceratonia siliqua, que, em determinado estado de maturação, apresentavam um peso constante, servindo, então, para o tal padrão (o peso médio, em unidades actuais, está ligeiramente abaixo dos 200 mg). Pela semelhança das vagens de alfarroba com um pequeno corno, os árabes chamavam-lhes qirat e aqui reside a etimologia da palavra que, basicamente, quer dizer "corno pequeno". Com o decorrer do tempo, deu-se o abandono das sementes em favor de pequenos pesos de referência com valores de um quilate, 1/2 quilate, 1/4 quilate, até 1/32 de quilate que cada país definia como padrões para o tal comércio de pedrarias. Diga-se que no Oriente havia outras unidades diversas do quilate que, por tradição, eram usadas para as pedrarias e pérolas (e.g. rati na Índia e lathi e tickal na Birmânia, basri no Golfo Pérsico).
Com o comércio de pedrarias na costa mediterrânea, foi-se utilizando as sementes de uma árvore local, a alfarrobeira Ceratonia siliqua, que, em determinado estado de maturação, apresentavam um peso constante, servindo, então, para o tal padrão (o peso médio, em unidades actuais, está ligeiramente abaixo dos 200 mg). Pela semelhança das vagens de alfarroba com um pequeno corno, os árabes chamavam-lhes qirat e aqui reside a etimologia da palavra que, basicamente, quer dizer "corno pequeno". Com o decorrer do tempo, deu-se o abandono das sementes em favor de pequenos pesos de referência com valores de um quilate, 1/2 quilate, 1/4 quilate, até 1/32 de quilate que cada país definia como padrões para o tal comércio de pedrarias. Diga-se que no Oriente havia outras unidades diversas do quilate que, por tradição, eram usadas para as pedrarias e pérolas (e.g. rati na Índia e lathi e tickal na Birmânia, basri no Golfo Pérsico).
Vagens de alfarroba, Ceratonia siliqua, onde se encontram as sementes que têm um peso médio em torno de 200 mg. |
A integração do quilate no então chamado Sistema Métrico deu-se apenas em 1907, tendo-se uniformizado a unidade que, até aí, era diferente de país para país (p. ex. Lisboa = 0,20575 g, Londres = 0,20430 g e Paris = 0,2050 g), espelhando, porventura, a igualmente falta de constância dos pesos reais das sementes de alfarroba. O Comité International des Poids et Mesures, deliberou, assim, a criação de um novo peso, o quilate métrico, de símbolo ct (do francês carat) ou CM (carat métrique), sendo este igual a 200 mg (1/5 g), norma que foi entrando em vigor pelo Mundo a seu ritmo. Em Portugal foi em 1911. É aí que surge a expressão "quilate antigo" para enquadrar a descrição dos pesos efectuados ou registados antes da normalização, pois havia diferenças. Por exemplo: um diamante de 10,00 quilates antigos pesaria 10,29 quilates métricos, uma diferença de cerca de 2,9%.
Os pesos das pedras lapidadas, dos diamantes em bruto e das pérolas naturais, passam progressivamente a ser apresentados em quilates métricos e com precisão à segunda casa decimal (centésima de quilate). Em português, para descrever o peso das pedras, o correcto é utilizar-se a expressão quilate, e não o corrente estrangeirismo "carat", sendo o seu símbolo “ct” e não "qt" (já agora, a unidade não tem plural, pelo que não se deve usar "cts" para referir quilates.
No ouro, porém, há o hábito de comunicar a pureza das ligas aludindo-se a “quilates” ou “kilates”. Ora, estes quilates são, na origem, precisamente os mesmos dos das pedras, isto é, a mesma unidade de peso. Tudo começou quando Constantino, o Grande (272-337 DC) mandou cunhar moedas de solidus. Esta moeda, em ouro fino, pesava 24 quatro sementes de alfarroba, ou seja, 24 quilates, surgindo aqui a expressão “ouro de 24 quilates” para aquele ouro refinado. Assim, as ligas de ouro em que se juntavam outros metais (e.g. prata, cobre) de menor valor, teriam sempre e necessariamente menor quantidade de peso em quilates de ouro e, portanto, menor valor.
A atribuição informal de quilates às ligas de ouro é exclusiva do ouro. As ligas dos outros metais preciosos, como a prata, platina e paládio, não são comunicadas com quilates. Converter milésimas em quilates é não é nada complicado. Pela chamada "regra de três simples", obtém-se a relação entre as permilagens, ou milésimas, de ouro nas ligas e os respetivos quilates (ver tabela).
Os pesos das pedras lapidadas, dos diamantes em bruto e das pérolas naturais, passam progressivamente a ser apresentados em quilates métricos e com precisão à segunda casa decimal (centésima de quilate). Em português, para descrever o peso das pedras, o correcto é utilizar-se a expressão quilate, e não o corrente estrangeirismo "carat", sendo o seu símbolo “ct” e não "qt" (já agora, a unidade não tem plural, pelo que não se deve usar "cts" para referir quilates.
E os quilates do ouro?
Os metais preciosos são ligados, isto é, misturados, com outros metais para, por exemplo, se adequarem ao uso em peças de ourivesaria e joalharia. A forma utilizada pela lei Portuguesa para comunicar a pureza das ligas de metais preciosos é por meio da sua permilagem (‰), ou seja, quantas partes de metal precioso existe por cada mil partes de liga. Na gíria, estas permilagens são expressas com "milésimas”. Na prata, por exemplo, são comuns os valores de 830‰ e 925‰ (esta última vulgarmente chamada de prata sterling); na platina e no paládio 950‰, e no ouro 750‰ é a permilagem mais conhecida mundialmente.No ouro, porém, há o hábito de comunicar a pureza das ligas aludindo-se a “quilates” ou “kilates”. Ora, estes quilates são, na origem, precisamente os mesmos dos das pedras, isto é, a mesma unidade de peso. Tudo começou quando Constantino, o Grande (272-337 DC) mandou cunhar moedas de solidus. Esta moeda, em ouro fino, pesava 24 quatro sementes de alfarroba, ou seja, 24 quilates, surgindo aqui a expressão “ouro de 24 quilates” para aquele ouro refinado. Assim, as ligas de ouro em que se juntavam outros metais (e.g. prata, cobre) de menor valor, teriam sempre e necessariamente menor quantidade de peso em quilates de ouro e, portanto, menor valor.
O solidus de Constantino, o Grande |
A atribuição informal de quilates às ligas de ouro é exclusiva do ouro. As ligas dos outros metais preciosos, como a prata, platina e paládio, não são comunicadas com quilates. Converter milésimas em quilates é não é nada complicado. Pela chamada "regra de três simples", obtém-se a relação entre as permilagens, ou milésimas, de ouro nas ligas e os respetivos quilates (ver tabela).
O chamado ouro tradicional português, de 800‰, foi durante anos designado de ouro de 19,25 quilates (popularmente designado de "ouro de 19 1/4"), o que pode ser rapidamente verificado como um lapso aritmético, já que os quilates são 19,2.
A questão da ortografia do quilate quando aplicado aos metais, em especial em inglês, com “k”, tal como em karat ou kilate, ou na sigla kt, é um mero recurso informal para comunicar as duas circunstâncias do uso da unidade, nas pedras o “ct”, no ouro o “kt”. Por coincidência, em alemão e holandês (e africaans), idiomas de países com tradição na refinaria e comércio do ouro, quilate escreve-se com “k”. Da discussão fica patente que, nas pedras e no ouro, a unidade de origem é a mesma; que numa expressa peso total, noutra um peso relativo proporcional (permilagem) e que apenas lhe foi mudada a ortografia, porventura, para facilitar a comunicação e a separação do que é das pedras e do que é do ouro.* visit the new blog at ruigalopim.com/blog *
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